Mariana Morais: “Paixão por Portugal”

Entrevista

03-03-2022

# tags: Eventos , Vida de Eventos , Turismo de Negócios , Meetings Industry

Desde “muito cedo” que Mariana Morais tem contacto com o setor do turismo e o universo que o envolve.

“O meu pai trabalha nesta indústria há já vários anos e desde pequena que tive a sorte e a oportunidade de viajar e conhecer o mundo, novas culturas e, consequentemente, conhecer novas pessoas, pelo que desenvolvi um especial interesse na comunicação e relações internacionais”, explica. E este “amor pelo mundo do turismo” fez com que fosse “desenvolvendo competências e orientação para o negócio, inicialmente na vertente da venda e da comunicação”, pelo que, quando concluiu o curso, decidiu seguir esta área.

“O mundo dos eventos, da sua gestão e desafios envolvidos nesta dinâmica sempre foram aliciantes para mim e, quando surgiu a oportunidade de poder ‘vender’ o meu país como destino MICE, não tive dúvidas em avançar”, conta Mariana Morais, que é atualmente sales & operations manager MICE & Leisure no Clube Viajar.

O que a motiva é a “paixão por Portugal”; é “ter o prazer de o ver crescer com o enorme potencial que tem, seja como um paraíso para férias, seja como um destino perfeitamente preparado para acolher eventos e turismo de negócio”. Para Mariana Morais, “não existe nada que me alicie mais do que conhecer novas pessoas com diferentes aéreas de negócio, mesmo dentro da indústria do turismo, e com quem podemos trocar ideias e perceber como se adaptam e atualizam face às novas tendências de mercado todos os anos. O amor que tenho pela área comercial e pela sua componente comunicativa, ou até mesmo o facto de poder inspirar os que me rodeiam, sempre foi algo que me cativou. Sem dúvida que o que mais me motiva no meu trabalho é conseguir transmitir aos meus clientes não só a minha dedicação, mas também o entusiasmo por esta área e fazê-los perceber o enorme potencial que Portugal tem antes mesmo de o visitarem”.

E há várias coisas de que gosta na área dos eventos. Mariana Morais lembra que “o que move a área dos eventos são as pessoas, daí as ações presenciais, as vendas one-to-one e as relações que criamos e que ditam o futuro desta área, serem absolutamente essenciais”. Destaca também “a versatilidade e originalidade com que se pode criar um programa, o ultrapassar eventuais obstáculos que surgem durante todo o processo, o desafio de fazer mais e melhor e de nos conseguirmos superar, é definitivamente o melhor que levo da área dos eventos”.

Por outro lado, do que gosta menos nesta atividade são “os deadlines/tempo de resposta e o stress que daí advém”, sustentando serem “o pior inimigo quando queremos apresentar a melhor proposta possível e ao mesmo tempo a mais criativa mas o tempo não nos permite, e neste aspeto penso que falo em nome da maior parte dos colegas do trade. Somos third parties num mundo de clientes e fornecedores, com imprevistos e riscos - muitos deles de força maior - que nem sempre conseguimos controlar ou contornar e que goram tanto as nossas expectativas como as dos clientes. Quem trabalha com gestão de eventos, por norma, ambiciona idealizar um programa perfeito e conseguir controlar tudo - quando tal não acontece, e principalmente quando se deve a motivos alheios à nossa vontade, a sensação de frustração é enorme”.

Todos os eventos acabam por ser memoráveis”

Para encontrar aquela que é, talvez, a memória mais marcante no seu percurso, Mariana Morais recua a 2016, ano em que trabalhava no Porto Convention Bureau. Com Mariana Sousa, coorganizou a sua primeira Fam Trip multimercados, na qual participaram 45 convidados; a iniciativa “incluiu o primeiro workshop de one-to-one meetings entre buyers e associados”, recorda. “É uma memória muito boa, por ter sido o primeiro grande programa/pequeno incentivo que tive de gerir durante todo o processo e in loco. Foi um sucesso e ainda hoje mantenho contacto com esses clientes.”

Para Mariana Morais, quando o sucesso é “notório” e o feedback do cliente transmite isso mesmo, “todos os eventos acabam por ser memoráveis”, defende. Ainda assim, destaca um dos eventos mais marcantes e desafiantes, a conferência Vertex, no Centro de Congressos da Alfândega, “pela sua dimensão (quase 1.500 pessoas) e pela logística e serviços envolvidos, já que foi o primeiro grande evento a nível digital e de live streaming que organizei”. Quando desafiada a contar um momento em que as coisas poderiam não ter corrido tão bem ou como planeado, Mariana Morais lembra um dos episódio mais stressantes que experienciou. Estava com uma cliente do Reino Unido em visita de inspeção final para um evento, um jantar de gala, na noite seguinte. “Fomos visitar o venue que tinha sido selecionado pela cliente pela sua escadaria e, quando chegámos ao local, deparamo-nos com a dita em obras, coberta de andaimes e com um cheiro insuportável a tinta. Fez-se o possível e o impossível para decorar o espaço como se as obras fizessem parte do plano e, felizmente, dentro do pior tudo acabou por correr bem. Mas ainda hoje sinto um aperto quando me recordo…”

E depois também há eventos onde não falta a boa disposição. E, neste contexto, Mariana Morais confessa sentir que todos os seus colegas do trade têm alguma história caricata ou hilariante consigo ou que a inclui…Como exemplo conta um episódio ocorrido no primeiro Capítulo Ibérico da ICCA em que participou, em Marbella. “Estávamos no cocktail dinatoire de abertura do evento e a aproveitar para fazer networking, quando, de repente, as pessoas com quem estava a falar começam a dizer que cheirava bastante a queimado. Olho para o chão e vejo fumo a sair dos meus sapatos…Estavam a arder! Resumindo: o venue tinha uns focos de luz no chão (pelos vistos, bem fortes) e como as minhas solas eram de borracha acabaram por derreter”, relata, concluindo: “Claro que fui a única ‘incendiada” do grupo, não me chamasse eu Mariana Morais!”

© Maria João Leite Redação