Butão: uma nova era MICE no reino da felicidade

Entrevista

10-12-2025

# tags: MICE , Eventos , IT&CM Asia , Ásia , Meetings Industry , Destinos

O Butão, país que se manteve como um segredo bem guardado entre montanhas e monges, está a abrir novas portas ao universo das reuniões, incentivos e eventos.

A Druk Asia, especialista de viagens no território, através da divisão MICE Bhutan, quer posicionar o Butão como um destino alternativo, inspirador e transformador. O país está cada vez mais aberto ao universo MICE, de acordo com Joni Herison, diretor de parcerias corporativas da Druk Asia, em entrevista à Event Point, no decorrer da IT&CM Asia 2025.

Na sua perspetiva, o país entrou numa nova fase desde que acolhe o Bhutan Innovation Forum, iniciativa global dedicada ao desenvolvimento sustentável e ao empreendedorismo consciente, beneficiando da abertura de novos espaços dedicados a eventos.

Entre eles, Joni Herison destaca o Dungkar Dzong, um complexo construído “com o objetivo de receber eventos maiores no Butão”, com vários espaços capazes de acolher reuniões, eventos e conferências de diferentes dimensões. A abertura deste espaço é descrita como um marco num país que “nunca teve realmente um venue”.

A hospitalidade acompanha o ritmo de modernização. Joni Herison sublinhou que o Butão viu abrir novos hotéis, incluindo unidades como o Dawa at Hilltop, situado perto do Dungkar Dzong, e dois recentes hotéis da Taj Hotels. A curto prazo, a JW Marriott vai juntar-se também ao portefólio crescente.

Futuro promete mais acessibilidade


Também no setor da aviação, há mudanças estratégicas, como a conversão de um A319 para uma configuração executiva em julho do próximo ano. Uma aposta que, segundo o diretor, se ajusta ao público de incentivos.

Sobre a acessibilidade, Joni Herison explicou que, apesar de algumas restrições que permitem operações de aeronaves específicas, o Aeroporto Internacional de Paro mantém ligações com Singapura, Dubai, Banguecoque e Deli.

O futuro, contudo, promete mais fluidez. Está em desenvolvimento um novo aeroporto no sul do país, parte do projeto Gulliver Mindfulness City, que vai estar concluído em poucos anos. Esse investimento vai garantir mais atratividade e permitir que o Butão “possa estar mais ligado ao mundo”, afirmou.

Autenticidade como marca


Num setor em constante busca por destinos diferenciados, o Butão destaca-se pela sua singularidade. Para Joni Herison, o país é “revigorante”, um lugar “diferente” de todos os outros destinos. A tradição mantém-se viva nas ruas, onde a população continua a vestir trajes tradicionais de há 500 anos, e a proximidade com a natureza é imediata: mesmo ao aterrar, assegura o responsável, o ar é diferente e as pessoas “sentem-se imediatamente mais leves”.

A espiritualidade faz parte da identidade nacional. Com a maioria da população budista e milhares de templos no território, o Butão impõe-se como um lugar onde o ritmo abranda e impera a consciência. “Há muito mindfulness no Butão”, referiu, lembrando que as coisas, as árvores e animais são protegidos e cuidados. “É o primeiro país a dizer que não podemos medir o progresso humano apenas pela economia. Tem de ser pela felicidade”, frisa.

O papel da MICE Bhutan


A missão da MICE Bhutan é clara: criar experiências que ultrapassem a lógica tradicional do turismo corporativo. Joni explicou que a empresa oferece “serviços muito personalizados” e programas “muito exclusivos”, ajustados aos objetivos de cada grupo.

Muitos clientes procuram o Butão porque desejam um lugar diferente para “pensar fora da caixa”. Para isso, a empresa inclui experiências profundamente enraizadas na cultura local: leituras astrológicas, colheita de maçãs e cogumelos, pintura thangka, atividades imersivas que quebram rotinas e estimulam a introspeção. Para os que procuram a imponência das montanhas, a empresa organiza passeios de helicóptero e “piqueniques a cinco metros acima do nível do mar”.

Atualmente, a MICE Bhutan recebe aproximadamente “um grupo por mês”, composto maioritariamente por clientes corporativos, de incentivos e associações. Os grupos procuram um local “fora do mundo” para brainstorming e encontrar inspiração.

“Acho que o mundo inteiro pode vir ao Butão e perceber que esta é outra forma de viver a vida. O Butão é um lugar que muitas pessoas visitam, onde imediatamente diminuem o ritmo e percebem que existem outras coisas além da busca irracional pelo materialismo”, remata Joni Herison, deixando o convite para a descoberta do “deslumbrante Butão” com a MICE Bhutan.

 

*A jornalista viajou a convite da IT&CM Asia 2025

© Maria João Leite Redação