Jornadas da APorEP e a evolução do papel do protocolo

Reportagem

05-12-2022

# tags: Protocolo , Eventos , APOREP

Os desafios do protocolo estiveram em destaque em mais umas Jornadas Internacionais de Protocolo da APorEP.

Especialistas em protocolo, cerimonial e organização de eventos estiveram reunidos para mais uma edição das Jornadas de Protocolo da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo (APorEP). O encontro ficou marcado pela atribuição do cargo de presidente Emérita da associação a Isabel Amaral, a fundadora da APorEP e sua presidente até agosto de 2022. Isabel Amaral sublinhou à Event Point “a emoção” de ser reconhecida pelo seu trabalho e afirma que vai ficar ligada à APorEP “em tudo o que me pedirem”.

Uma das conferências mais impactantes do dia coube a Gerardo Correas, presidente da Organização Internacional de Ceremonial e Protocolo, que alertou para a mudança de paradigma em que vivemos e a necessidade do protocolo se adaptar a “este mundo novo”. O protocolo empresarial, diz o especialista, deve ter a capacidade de ser flexível e tem que ter em conta a estratégia de um evento. Os eventos são cada vez mais importantes para os negócios, são a ferramenta principal para transmitir a marca e os seus valores, motivam, comunicam, geram ideias, são um “momento mágico e estratégico”. O profissional de protocolo deve compreender a comunicação como consequência final do evento; que tudo gira em torno da política global de comunicação da empresa; deve estar envolvido no planeamento do evento desde o início e estar a par de todos os parâmetros e itens; e deve agregar todas as informações.

As agências de eventos, segundo Gerardo Correas, “precisam de ser convencidas” quanto à importância de ter um especialista em protocolo. Estes trazem valor na gestão dos convites, na cenografia, na recepção dos convidados, no lugar que cada um deve ocupar, na execução dos eventos, na atuação do anfitrião.

Teresa Byrne, da Tbyrne Consulting, afinou pelo mesmo diapasão, lembrando que muitas vezes se acha que o protocolo não é necessário. A especialista acredita que é importante “reinventar a forma como fazemos o protocolo” e que este tem que ser mais simples e criativo. E ao ter mais flexibilidade, “podemos mudar a forma de fazer, sem nunca esquecer a essência”. E mostrou alguns casos de estudo de eventos em que o protocolo empresarial interveio com flexibilidade e criatividade.

O evento contou ainda com as intervenções do antigo Presidente da Assembleia da República, Mota Amaral, que relembrou os desafios de criar a Lei do Protocolo; do Comandante Braz de Oliveira e do Major Eduardo Mendes, que abordaram o sempre polémico tema das bandeiras; de Alberto Laplaine Guimarães, que partilhou a sua experiência nos eventos organizados pela Câmara Municipal de Lisboa; de Fernanda Freitas, da Eixo Norte Sul – Comunicação e Conteúdos, que falou de comunicação e apresentou algumas estratégias para a melhorar; de Irina Golovanova, da The Body Language Academy, que tratou do tema da comunicação não-verbal; João Andrade Nunes, diretor Artístico do festival de música "Sons do Côa, que se focou no comportamento que se deve ter numa sala de espetáculos; e de Francisco Pimenta da Gama, antigo assessor da Secretaria-geral da Presidência da República, que mostrou como ao longo dos tempos se organizaram as cerimónias naquela instituição.

Isabel Névoa Tavares, presidente da APorEP, estava “felicissima” pela adesão ao evento. “Tivemos o tempo da pandemia, depois o ano passado não pudemos ter muita gente em sala, e este ano foi uma belíssima adesão, praticamente casa cheia e as pessoas estão contentes”, refere a responsável à Event Point. Em jeito de balanço, Isabel Névoa Tavares considera que a edição deste ano “foi um êxito”, e o “feedback positivo” veio desde logo pela oportunidade que os participantes tiveram de fazer uma visita guiada à Assembleia da República. Em relação aos restantes trabalhos, a presidente destaca os oradores, que “têm sido bastante diversos, no sentido dos temas abordados, da maneira como os encaram, pessoas mais formais, com regras, ou pessoas com novas visões, maneiras diferentes de ver o que é que um profissional que trabalha nestas áreas de protocolo, de organização de eventos, numa assessoria de direção de uma empresa, numa instituição”. Isabel Névoa Tavares realça ainda as ferramentas que foram partilhadas durante o evento e que podem ser úteis no trabalho do dia a dia.

As Jornadas de Protocolo realizaram-se no ISEG, a 29 de novembro.

© Cláudia Coutinho de Sousa Redação