Pedro Jorge Moreira: “Gosto da adrenalina de transformar uma ideia em realidade”

Entrevista

09-07-2025

# tags: Eventos , Passaporte Português

Com uma extensa carreira internacional, Pedro Jorge Moreira encontra nos grandes eventos uma oportunidade “para aprender e inovar”.

Pedro Jorge Moreira começou a carreira a trabalhar em Gestão, e ao mesmo tempo explorando os setores da música, teatro e eventos. Considera este setor dos eventos “dinâmico e desafiante”. “Gosto da adrenalina de transformar uma ideia em realidade, de coordenar diferentes elementos – desde tecnologia, cenografia até performance artística – e de proporcionar experiências únicas ao

público. Cada evento é um novo desafio e uma oportunidade para aprender e inovar”, conta à Event Point.

Nesta área, a experiência é ampla, “trabalhei em várias áreas da produção, desde engenharia audiovisual à luminotecnia, coordenação de equipas e logística, ganhando experiência em diferentes mercados e culturas”, refere. Mais tarde, especializou-se na produção executiva de eventos de grande escala, nomeadamente cerimónias de abertura e fecho, e outros eventos especiais.

Dos inúmeros eventos em que participou há alguns naturalmente marcantes. “Tive a oportunidade de trabalhar na Expo 2020 Dubai, FIFA World Cup Qatar 2022 e nos Olímpicos Paris 24, eventos de enorme complexidade e impacto global”. Estes eventos constituíram-se como “experiências transformadoras, porque exigiram coordenação multinacional, inovação técnica e criatividade à escala máxima. O desafio de gerir equipas internacionais e entregar experiências memoráveis para milhões de pessoas marcou profundamente a minha trajetória”, detalha Pedro Jorge Moreira.

A carreira fora de portas era inevitável, “sempre tive vontade de expandir os meus horizontes e trabalhar em projetos de maior dimensão”, afirma. Em termos de oportunidades, o profissional destaca o mercado do Médio Oriente, que “oferece oportunidades únicas para quem quer crescer na indústria dos eventos”.

“A multiculturalidade e a possibilidade de colaborar com algumas das maiores produções do mundo foram fatores determinantes para a minha decisão”, explica Pedro Jorge Moreira. Trabalhar noutras geografias acarreta desafios, que variam de projeto para projeto, mas “a gestão de equipas multiculturais, os prazos apertados e a logística complexa são constantes”, identifica Pedro Jorge Moreira. A adaptação à cultura e às formas de trabalho exigiu “flexibilidade e resiliência”.

E por falar em desafios, o maior foi mesmo durante o FIFA World Cup Qatar 2022, em que “lidámos com restrições logísticas severas devido a tempos de entrega reduzidos e exigências técnicas rigorosas. A solução passou por planeamento rigoroso, trabalho em equipa e adaptação constante. A comunicação eficaz entre todas as partes envolvidas foi essencial para garantir que o evento acontecesse sem falhas”, conta.

Apesar de passar muito tempo fora do país, Pedro Jorge Moreira acompanha o que se faz cá, e acredita que “Portugal tem um setor de eventos com enorme talento e criatividade, mas ainda carece de investimento e estrutura para competir com mercados como o Médio Oriente ou os Estados Unidos”. No entanto, “há um enorme potencial” de afirmação internacional, “especialmente no turismo de eventos e conferências existem já algumas marcas como o Rock in Rio, Web Summit, que apesar de não serem portugueses, tem um forte contributo de portugueses”. Pedro Jorge Moreira crê que “esse tipo de modelo tem potencial para exportar e temos alguns exemplos que já estarão maduros o suficiente para o fazer”.

Aos profissionais de eventos que querem tentar a sua sorte nos grandes eventos internacionais, o nosso entrevistado deixa um conselho. Devem “estar preparados para se adaptar rapidamente, ter uma mentalidade aberta e aprender a lidar com diferentes culturas.

Além disso, construir uma rede de contactos sólida e estar disposto a sair da zona de conforto são fatores essenciais para quem quer vingar no setor dos eventos a nível internacional”, remata. A próxima aventura de Pedro Jorge Moreira é o Campeonato Mundial de Clubes, nos Estados Unidos.


© Cláudia Coutinho de Sousa Redação