Advertising Week Europe 2018

20-04-2018

A presença na Advertising Week Europe sempre foi um objectivo nosso.

Além de ser um dos eventos mais conceituados na área da publicidade, encarámos esta presença como uma oportunidade de mostrar o trabalho de qualidade que fazemos no nosso país. Afinal de contas, é ali que se reúnem algumas das maiores marcas e agências do mundo, a maioria delas com sede em Londres.

A indústria da publicidade britânica, não só é a mais forte da Europa, como também é uma das mais fortes do mundo. Aliado ao seu grande valor financeiro – estimado na ordem das dezenas de milhares de milhões de euros/ano – é um mercado que atrai os melhores talentos criativos. Por isso, não surpreende que seja a casa do maior número de prémios Cannes Lions, em toda a Europa.

A nossa iniciativa de tentar mostrar Portugal ao mundo vem de uma de crença forte, partilhada pelos diversos membros do painel [Tiago Barquinha (Mojobrands), Catarina Valença (APECATE), Gonçalo Castel-Branco (Presidential Train) e Ana Campos Neto (S.P.O.T.)]. Mais do nunca, achamos que Portugal tem muito a oferecer a este sector. Apesar de nos termos focado nas brand experiences, todo o sector criativo nacional tem um grande potencial de exportação, em diversas vertentes.

Numa altura em que os publicitários britânicos se debatem com as consequências do Brexit, Portugal tem muito a aprender com a forma como toda a indústria se está a preparar por o futuro.

Reconhecendo que só têm a perder, com a saída de talento internacional, a Advertising Association tem levado a cabo uma campanha de sensibilização, defendendo a abertura das fronteiras. 
Mais de metade das contratações anuais vêm do estrangeiro e as agências percebem o risco em que se encontram. Perder este talento, é perder a posição dominante no mercado global.

É este nível de coordenação que nos deve inspirar, se queremos apresentar uma oferta forte e coesa no mercado. As instituições, marcas e agências nacionais têm de começar a apostar cada vez mais na sua promoção neste tipo de mercados. E uma boa forma de o fazer é investindo mais em eventos como a Advertising Week. Nós já demos o primeiro passo. 

Desta primeira experiência, fazemos um balanço positivo e trazemos um conjunto de lições para anos seguintes. A principal é a de que há um elevado potencial para crescimento, e que podemos, e devemos ambicionar a mais. Devemos investir mais tempo e dinheiro, e devemos levar connosco mais agências e mais marcas, de maneira a termos acesso aos maiores palcos e públicos do evento. Quanto maior o palco, maior a divulgação e maior a probabilidade de conseguir fechar negócios rentáveis.

E ser um país pequeno já não pode ser uma desculpa. Mesmo para as dimensões do nosso mercado, conseguimos ter marcas como a Parfois, que se souberam internacionalizar. Ao apresentar um case study do seu mais recente evento, conseguimos mostrar o melhor de Portugal, enquanto destino de experiências, porque nos permitiu mostrar algum do nosso património natural e cultural. E além disso, conseguimos mostrar o nosso know-how na promoção das marcas, apostando em estratégias de relativo baixo investimento, que permitem um elevado retorno para as marcas, como no caso dos eventos para social influencers.

Este é um formato com provas dadas, que acreditamos que tem elasticidade suficiente para funcionar em diversos contextos e para diferentes tipos de marca, em Portugal e no estrangeiro. E isto só é possível, percebendo bem as realidades das diferentes marcas e do mercado. Como este, muitos outros exemplos haverão do que de bom se faz por cá, e a Advertising Week é sítio para o demonstrar.

Por isso, nesta altura, há duas grandes oportunidades a explorar. Por um lado, temos de divulgar a nossa capacidade de trabalhar com marcas que querem exportar o seu trabalho. Portugal já tem um conjunto de marcas com fortes presenças no estrangeiro, mas há muitas outras com grande potencial de internacionalização. São estas marcas que, em conjunto com as agências nacionais, têm de aproveitar este tipo de eventos para se mostrarem ao mundo.

Por outro, a perda de talento internacional causada pelo Brexit pode levar muitos destes profissionais a procurar trabalho noutro país. Isto cria a oportunidade de posicionar Portugal como um “país-satélite”, para dar apoio às agências britânicas. Ao oferecer uma boa qualidade de vida, a custos relativamente baixos, podemos albergar pequenas representações dessas agências, trabalhando remotamente e reduzindo as consequências dessas novas políticas.

Portanto, se Portugal se quer colocar no mapa europeu, tem de haver um esforço maior e com mais coordenação. Não há outra hipótese! Esta é uma altura decisiva para nos posicionarmos como os grandes aliados dos britânicos (que, historicamente, sempre fomos), nestes novos desenvolvimentos da sua indústria criativa. Só teremos a ganhar com isso. E, se não o fizermos, certamente outros países o farão.


Tiago Barquinha, Executive Partner da MojoBrands