Airbnb assume-se como solução para quem viaja em negócios
14-07-2017
A Airbnb nasceu precisamente porque não havia capacidade hoteleira em São Francisco para acolher, em 2007, alguns eventos de design na cidade. Dois dos fundadores da plataforma de aluguer de alojamento, Brian Chesky e Joe Gebbia, resolveram disponibilizar a sua casa para acolher os participantes, com pequeno‑almoço incluído, o que os ajudou na altura de pagar as contas. Daí a lançarem um dos negócios mais bem‑sucedidos dos últimos anos foi um pequeno passo.
Dez anos depois, a empresa está empenhada em conquistar espaço no sector de MI, ainda que muitos players que operam no segmento tenham dúvidas sobre o seu serviço. “Cada vez mais as pessoas encaram as viagens de negócios como parte integrante da sua vida social normal. A primeira prioridade, claro, é chegar a tempo à reunião de negócios, mas isso não impede que possam explorar a cidade de destino no seu tempo livre. Com a Airbnb é possível juntar o melhor dos dois mundos, viver a cidade como um local ao mesmo tempo que se trabalha”, explicou à Event Point Ricardo Macieira, “country lead” da plataforma em Portugal.
Foi com este objectivo que a Airbnb lançou um produto dedicado a quem viaja em negócios e que já começa a dar frutos. Ainda sem dados concretos quanto ao mercado nacional, o responsável referiu que “a nível global, mais de 250 mil empresas – em mais de 230 países e territórios – estão registadas para usar a Airbnb em viagens de negócios. Em 2016, o número de viagens de negócio na Airbnb triplicou e, actualmente, quase 10% são em trabalho”, adiantou o mesmo responsável. Ricardo Macieira revelou ainda que “a diferença entre uma viagem de trabalho e uma de lazer está cada vez mais esbatida, já que mais de 50% das viagens de negócios na Airbnb incluíram o sábado à noite”. E isso ajuda o grupo a afirmar‑se como mais do que uma empresa virada apenas para o mercado do alojamento mais tradicional, para férias.
A Airbnb tem estado activamente a trabalhar em alguns dos maiores eventos do mundo, “como South by South West (SXSW) que se realiza em Austin, Texas (EUA), o Mobile World Congress em Barcelona, o Web Summit em Lisboa ou mesmo os recentes Jogos Olímpicos Rio 2016, onde fomos parceiros oficiais de alojamento alternativo”, contou o líder da gigante norte‑americana em Portugal.
Apesar desta evolução, para os profissionais do sector, que muitas vezes têm dificuldade em alojar os participantes em congressos, eventos e incentivos em unidades hoteleiras mais tradicionais, o recurso à plataforma é uma realidade, mas ainda com muitas incógnitas. Um estudo conduzido e publicado no ano passado pela revista britânica Meetings & Incentive Travel chegou à conclusão de que os organizadores de eventos têm preocupações ao nível da segurança e da confiança nos alojamentos em causa. Além disso, as empresas debatem‑se com problemas de falta de uniformização, em relação aos hotéis. No entanto, 12% dos que responderam ao questionário garantiram que pretendiam usar o serviço.
Portugal em alta
A Airbnb está optimista quanto ao mercado nacional de turismo de negócios. Ricardo Macieira destacou dois eventos em que a plataforma viu os pedidos a aumentar exponencialmente. “Nas semanas que antecederam a visita do Papa Francisco, o número de anúncios na cidade de Fátima aumentou dez vezes em relação às mesmas semanas em 2016. Temos ainda o exemplo da Web Summit no ano passado, onde os lisboetas que partilham o seu espaço na Airbnb obtiveram um rendimento extra superior a 2,8 milhões de euros nesse período”, referiu.
Estes clientes da Airbnb procuram, segundo Ricardo Macieira, “alojamento o mais perto possível do local onde se realiza o evento, para evitar transtornos de maior. No entanto, os viajantes de negócios, ao optarem por acomodações disponíveis na plataforma, procuram viver as cidades como verdadeiros residentes, daí também ficarem mais tempo”, explicou o “country lead” da plataforma.
A Airbnb considera estar preparada para enfrentar os obstáculos que lhe podem ser colocados por este mercado e destaca as vantagens da sua forma de operar. “Enquanto modelo baseado na comunidade, que aproveita os recursos existentes no destino, a Airbnb permite evitar investimentos desnecessários ou sobredimensionados; ajuda a que os benefícios cheguem de forma mais directa aos residentes locais; e representa uma alternativa mais inovadora, económica, social e sustentável para conseguir os seus objectivos”, salientou Ricardo Macieira.
Citur usa plataforma para fazer “benchmark”
João Luís Moita, da Citur, já usa a Airbnb, mas com o objectivo de comparar preços nas cidades. O responsável deste DMC admitiu que “alguns participantes preferem essa modalidade de alojamento” e explicou que o recurso à plataforma ajuda a “ter uma maior sensibilidade relativamente ao ‘pricing’ do alojamento na cidade”. João Luís Moita ainda não vê a Airbnb como uma forma de contornar a falta de resposta em hotéis mais tradicionais, mas acredita que pode ajudar “as estadias mais longas (por exemplo para staff temporário estrangeiro) e esporadicamente”.
Alexandra Noronha