É urgente mudar

07-07-2017

A evolução do Turismo em geral e da Animação Turística, dos Congressos e Eventos em particular é hoje um facto inegável.

Este desenvolvimento tem como causas, entre muitas outras, a melhoria do enquadramento legal, a simplificação de processos, nomeadamente do registo para a animação turística, o aumento da procura, a melhoria do posicionamento da imagem de Portugal, etc.

Este aumento de condições proporcionou o aparecimento de novas empresas com uma criatividade única, que se foi constituindo como um factor determinante para a evolução do sector.

Hoje em dia, as empresas de Congressos, Eventos e Animação Turística, cada uma na sua área, são das melhores e concorrem com o mundo global.

No entanto, apesar do aumento da oferta de qualidade, de projectos muito competitivos, com muita qualidade e criatividade, continuam a existir travões. Esta vaga não tem sido acompanhada por alguns sectores, nomeadamente por instituições de serviço público, algumas autarquias e entidades.

Esta herança cultural, de querer “mandar” na vida dos cidadãos e das empresas, é hoje, um dos principais motivos de problemas e constrangimento ao funcionamento e competitividade das empresas.

Apesar de todos os esforços e das melhorias introduzidas nos últimos dez anos, o chamado “sistema”, alicerçado numa cultura de imobilismo, tem continuado a construir barreiras, servindo‑se de algumas ideias‑chave que, ainda hoje conseguem ter voz.

A primeira barreira, é a desculpa da segurança e da qualidade. Com este argumento continua‑se a fechar espaços de grande potencial à utilização em eventos, a impedir as empresas de operar em áreas específicas e a negar a igualdade de oportunidades aos projectos inovadores que vão aparecendo.

Existem entidades a opinar sobre áreas para as quais não têm qualificações, a criar módulos de formação sem consultar os empresários ou os seus representantes, que são quem dela vai beneficiar, a exigir certificações que as próprias entidades públicas não conseguem certificar, a exigir várias autorizações para o mesmo evento, duplicando processos sem se perspectivar qualquer acrescento de eficácia, segurança, etc., a negar sequer analisar qualquer pedido que vá alterar o status, sem atenderem aos objectivos ou interesses nacionais, a decidir sem antecipar consequências, sobre os investimentos dos empresários, criando mudanças a meio do percurso, sem atender à realidade económica, a exigir certas características técnicas, quando ainda não criaram uma estrutura que dê suporte a essa mesma evolução, etc.

São inúmeros os exemplos e, por isso mesmo, chegou a altura de alterar as regras e mudar culturas. É inadmissível que o Estado e os seus representantes continuem a fazer leis e a tomar decisões sem consultarem os legítimos representantes do sector, sem apostar no diálogo e na construção de soluções que garantam os direitos fundamentais.

É preciso uma revolução de mentalidades, é um caminho errado, pensar pelos outros, retirando‑lhes a responsabilidade de contribuírem para a solução. Ao colocarem os empresários de fora, as entidades vão ter mais problemas e comportamentos desviantes. As soluções não se impõem, negoceiam‑se e partilham‑se, dando força e determinação às mesmas. É chegado o tempo das instituições, governo e estado começarem a explicar‑se e a negociar, em vez de imporem sem fundamento, ou escudados em factos de uma realidade que já não existe.

A APECATE tem, desde sempre, lutado pela defesa do sector procurando criar condições que garantam a sustentabilidade, a formação, a competitividade e a qualificação dos empresários e dos seus projectos.

É importante que os empresários continuem a apostar na sua representatividade partilhando os seus problemas, fazendo com que estes sejam conhecidos e se promovam soluções que consigam facilitar os seus investimentos.

Para responder a esta necessidade, a APECATE criou um grupo de trabalho, que recolhe estes problemas, estudando‑os e propondo soluções às entidades responsáveis.

Se é empresário e tem sentido problemas no desenvolvimento do seu projecto, desde taxas, autorizações, espaços com exclusividade, pedidos sem sentido, etc., contacte a APECATE e trabalhe connosco na solução.

Esperamos o contributo de todos.

 

António Marques Vidal
Presidente da Direcção da APECATE