Evoke It: O mais importante são as experiências

25-07-2018

A equipa da Evoke It foi uma presença recorrente nos festivais de Verão deste ano. A tecnológica esteve envolvida em soluções para as mais diversas marcas. Vasco Pereira, director da empresa, esteve à conversa com a Event Point durante o NOS Alive.

Qual tem sido o envolvimento da Evoke It nos vários festivais?

Nós trabalhamos essencialmente em parceria com as agências, raramente é directamente com o cliente. O nosso core é essencialmente hardware, software e eletrónica, mas o mais importante é a forma como conseguimos materializar uma experiência. Em termos de trabalhos, no Rock in Rio estivemos com várias marcas, como o caso do El Corte Ingles, Continente, Pedras Salgadas, Doritos, etc. Aqui no Nos Alive estamos com a Delta, Rádio Comercial, Sociedade Ponto Verde, Associação Nacional de Farmácias.

O que é que destaca em termos tecnológicos?

A nossa preocupação é dar experiências. Não nos preocupa qual é a tendência, qual o gadget a utilizar, o que deve motivar, e é isso que queremos para o utilizador, é a experiência. Que a pessoa que está no evento tenha uma experiência que seja positiva, e se for positiva vai recordar-se dela certamente. Acho que é um erro, e infelizmente acontece, preocuparem-se tanto com a tecnologia, e não com o conteúdo ou com a experiência.

A tecnologia sem o conteúdo é menos rica…

Para nós é óptimo quando uma pessoa chega a uma experiência destas e quase nem se apercebe qual é a tecnologia. Somos uma empresa tecnológica e isto pode parecer quase um contra-senso, mas não é. O que nos preocupa essencialmente é que a experiência seja positiva. O importante é que as pessoas gostem, que haja emoção, que seja algo de verdadeiramente marcante.

Desse ponto de vista, em festivais tão heterogéneos, como imaginam as experiências para um público tão diverso?

O facto de trabalharmos com as agências ajuda. Perceber em tão pouco tempo tantas marcas torna-se muito difícil. Havendo essa cumplicidade com a agência, já ali há muito ADN das marcas que eles transpiram, para nós é tentar perceber quais são esses vectores de comunicação, depois tentar transpô-los para a acção, para o terreno. Ver o que a marca transpira, para podermos por as pessoas a respirar.

Quando é que a Evoke It entra no jogo? Quando a ideia está a ser criada, ou depois de aceite pelo cliente?

Depende muito do grau de envolvimento que temos com a agência. Há agências que têm bastante confiança connosco e sabem que também gostamos de ajudar, estamos cá para isso, e é esse o nosso trabalho, cada vez ter mais experiências que possam ser muito transversais, independentemente do que seja a solução tecnológica. Há outras que preferem desenvolver o conceito, e pedem-nos apenas para materializar. Temos capacidade e jogo de cintura para nos adaptarmos a cada uma das realidades.

Pela sua experiência, em termos das activações realizadas no nosso país, devemos alguma coisa a outros países?

Se formos a ver o tempo que temos para as activações e o budget disponível, acho que não temos de levar lições de ninguém. Os outros é que têm que ver o que nós fazemos em tão pouco tempo, com budgets muitas vezes muito baixos. A maior parte das nossas activações raramente temos mais de uma semana. É uma loucura.

E isso tem-se agravado?

Infelizmente sim. O mercado deixa cada vez mais as decisões para a última hora. Nós muitas vezes olhamos para o conceito e gostaríamos de o levar para outro patamar de complexidade. O nosso desafio é primeiro materializar, implementar, pôr a funcionar. Se conseguirmos reservar algumas horas, raramente são dias, vamos tentar melhorar, fazer um plus qualquer.

Em termos dos orçamentos, acha que já se voltou aos tempos antes da crise?

Melhorou, mas ainda não.

Têm algumas experiências formatadas que possam ser replicadas de cliente para cliente, ou é tudo feito de raiz?

Há soluções nossas. Há uns anos para cá começámos a aperceber-nos que sistematicamente, independentemente da marca, ou do território que ela ocupava, se era um refrigerante, uma marca do sector automóvel, havia ali mecânicas que efectivamente resultavam. E também as próprias agências muitas vezes, como os reptos eram muito em cima, pediam-nos para ver soluções que já funcionavam, com tempos de produção de dois ou três dias. Acabámos por ter essa necessidade de nos ajustarmos ao mercado. Já temos portanto internamente esse tipo de soluções.

A vossa empresa já está no mercado há alguns anos, como tem sido a sua evolução?

A Evoke It não se resume apenas à área da activação. Temos duas grandes áreas, a da activação, e a dos museus. São ciclos de desenvolvimento completamente diferentes. Na activação tratam-se de projectos de curta duração e muito rápidos, enquanto que o dos museus são de longa duração e exigem muito envolvimento. Para nós é óptimo ter ambas. O que une as duas é a tecnologia, a criatividade, sendo que a tecnologia é apenas um meio para podermos envolver as pessoas.

A área da activação está a crescer?

A nossa principal fatia de negócio continua a ser a área dos museus. Embora aquilo que tem mais visibilidade acabe por ser a activação. Nos últimos dois anos está a crescer esta área, e agora já começa a fazer algumas cócegas à área dos museus.

Como imagina então o projecto nos próximos anos?

A área de activação está a crescer mais do que aquilo que nós temos dedicado a ela. A nossa aposta era mais nos museus, mas efectivamente a activação acabou por nos arrastar. Havendo esse repto do lado do mercado, estamos a ajustar-nos. Ainda este ano vamos lançar novidades para o mercado na área da activação. Algo que também nos vai levar para outro patamar, de poder mesmo dar outro tipo de resposta em projectos muito mais complexos, e é isso que queremos.

Internacionalizar essa área está nos vossos planos?

Sim, e isso vai na sequência da apresentação que vamos fazer ao mercado.



Cláudia Coutinho de Sousa