Isilda Gomes: “Isto é quase como navegar à vista”

04-11-2020

A presidente da Câmara Municipal de Portimão participou no quinto episódio da série 'Regresso ao Futuro!' da Event Point.

Os tempos são de grande imprevisibilidade e, embora todas as iniciativas sejam planeadas com toda a segurança, tudo pode mudar de repente e cair por terra. É disso exemplo a atividade preparada em torno do MotoGP, em Portimão, que teve de ser cancelada, já que o evento não vai ter público nas bancadas. “Isto é quase como navegar à vista”, afirmou Isilda Gomes, presidente da Câmara Municipal de Portimão, no quinto episódio da série ‘Regresso ao futuro!’ da Event Point, falando da gestão difícil de toda a situação.

O MotoGP não vai ter público nas bancadas, numa decisão anunciada pelo primeiro-ministro António Costa, na sequência da alegada falta de distanciamento social no Grande Prémio de Fórmula 1. Sem público no evento, “não há justificação” para realização das ativações planeadas, contou Isilda Gomes, na conversa de ontem da Event Point, que se centrou na captação de grandes eventos internacionais para Portugal e que teve também a participação de Tiago Castelo Branco da Memories of Tomorrow (MOT), e Carlos Monteiro, presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz.

“Não fugimos de maneira nenhuma à crítica das pessoas, que se calhar não foram lá, que não tiveram a oportunidade de verificar in loco como é que as coisas estavam a correr, mas que acham que, se tivermos um aumento do número de casos, se deve exatamente àquilo que fizemos durante a Fórmula 1. E isso nenhum autarca quer e, obviamente, tivemos de anular tudo aquilo que estava para a frente”, afirmou a autarca de Portimão. No decorrer da conversa, e a propósito da polémica, reconheceu ter havido situações que “correram menos bem” no autódromo, mas não “aquilo que se quer fazer crer”. “Houve situações menos boas, houve, sim, senhor; agora, não foi tão dramático como se tem feito constar. Acho que há aqui muita gente a denegrir a imagem da Fórmula 1 e ao denegrirem a imagem da Fórmula 1, denegriram a imagem do Algarve, de Portimão e do país…”

Isilda Gomes não vê razão para “tanto barulho” e lembra que para o setor hoteleiro, por exemplo, esta prova teve um impacto bastante positivo. Lamentou ainda o “comportamento desajustado” dos cidadãos que não cumpriram as regras dentro do autódromo, o que “fez com que, de facto, perdêssemos a capacidade de voltar a encher os nossos hotéis agora em novembro, que era outra lufada de ar fresco, era uma entrada de dinheiro fora de tempo, fora da época, que vinha ajudar muitíssimo os nossos empresários”.

A autarca anunciou também que, até ao final do ano, a câmara municipal só vai realizar espetáculos no Teatro Tempo, cuja lotação limitada permite garantir a ocupação dos lugares determinados. “Vamos reduzir tudo ao mínimo, porque o que não quero é ser acusada de, com os eventos, estar a promover a dispersão do vírus no município. Isso de maneira alguma.” Isilda Gomes disse estar confrontada com a realidade em Portimão, que regista um aumento do número de infetados por Covid-19. Uma situação complicada, “porque corremos inclusivamente o risco de entrar no lote daqueles municípios que têm restrições; portanto, não posso de maneira nenhuma vir a realizar eventos que eventualmente possam trazer, ou melhor, podem fazer com que as pessoas pensem que é por causa desses eventos que as pessoas estão infetadas”. Gerir toda esta imprevisibilidade “é muito complicado; isto é quase como navegar à vista”, mas é necessária uma adaptação às circunstâncias, “e é isso que nós estamos a fazer”.

Portimão é um município que vive especialmente do turismo, e que conta com 85 empreendimentos turísticos e 17.768 camas. “Se nós não tivermos iniciativas que possam preencher estas camas, que possam trazer gente ao município, isto só significa que a nossa economia, naturalmente, sofre e a nossa economia não será sustentável. Portanto, se não conseguirmos atrair eventos com muita gente, certamente que estes hotéis acabarão, alguns deles, por encerrar, o que para nós seria muito penalizante. Diria que não só para nós, mas também para toda a região. Nós temos, de facto, de fazer tudo, ou aquilo que está ao nosso alcance, para trazer pessoas ao nosso município”. Afinal, “nós vivemos disto, nós vivemos do turismo, nós vivemos das pessoas que nos visitam. Portanto, todas estas iniciativas são determinantes para o sucesso económico e financeiro, e naturalmente social, dos nossos munícipes”.

 

©Município de Portimão (zona ribeirinha de Portimão)