Lisbon Under Stars revive a história portuguesa nas ruínas do Carmo

03-05-2019

Vencedor do prémio “Melhor Evento Cultural” do BEA World 2018, o espetáculo Lisbon Under Stars está de volta a Lisboa trazendo vida às ruínas da Igreja do Carmo e preenchendo o ambiente com música, cores e muita vida.

A apresentação exclusiva para convidados do Atelier Ocubo na noite desta quinta-feira, 2 de Maio, abriu a temporada imersiva que segue até dia 17 de julho a contar a história da igreja que sofreu com o terremoto e incêndio em 1755 e, que sem tecto, abre-se para o céu estrelado.

As ruínas da igreja são a tela em que o espetáculo é projetado e a testemunha de uma história que começa em 1385 com a Batalha de Aljubarrota, quando os portugueses derrotam os castelhanos e garantem a independência de Portugal.

Mais do que a narrativa linear que passa pela construção da igreja do Carmo em 1389, pela descoberta do caminho marítimo que leva à Índia em 1497 ou pela fundação do Museu Arqueológico do Carmo em 1864, o espetáculo revisita o passado com o melhor da tecnologia do presente.

A sensibilidade para voltar no tempo e emocionar a plateia é garantida com uma trilha sonora interpretada pela orquestra de Câmara da G.N.R e pelos sons e vozes de Catarina Furtado na narração da história, Mariza,Teresa Salgueiro, Rão Kyao, Coro de Câmara Lisboa Cantat e Tocá Rufar. A coreografia de Clara Andermatt, da Companhia Nacional de Bailado responde pelas intervenções de dança que permeiam a apresentação.

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Enquanto as cenas se sobrepõe, ora iluminando até o céu, ora escurecendo e provocando uma tristeza imensa com as obras de arte que caem durante a cena do terremoto, as cores envolvem a plateia e não há como ficar indiferente com o espetáculo. A experiência é total.

As imagens sucedem-se, as cores sobrepõem-se, a música inebria e a história segue viva e revivendo as paredes como se a qualquer momento o tecto da igreja se reconstruísse diante dos olhos dos convidados.

Ineditismo e aposta criativa

“Lisbon Under Stars” nasceu da sensibilidade do atelier Ocubo e da crença de que projetos culturais podem contribuir para o turismo, educação do cidadão e ajudar a contar uma história.

A partir de um budget zero, mas da vontade de junção do poder criativo com a tecnologia, o Lisbon Under Stars foi criado, mesmo sem um cliente a patrocinar, para o Ano Europeu do Património Cultural, e encontrou no Convento do Carmo o espaço perfeito para contar a história portuguesa. O público respondeu com presença maciça e o espetáculo impactou na sua primeira fase, em 2018, durante dois meses, mais de 30 mil pessoas, uma média de 600 visitantes por dia.

As projeções que fazem uma integração de imagens, dança, música, cores e história narrada são o resultado de horas de filmagem. Os músicos foram filmados ao vivo e depois colocados no filme digitalmente para a audiência assistir à sua performance virtual, juntamente com os oito bailarinos que interpretaram vários estados de espírito do filme, relacionados com a história portuguesa.

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Nuno Maya, director criativo do atelier Ocubo em declarações à Event Point nos BEA World, afirma que “Somos um atelier multifacetado, temos a parte criativa, que é o nosso coração, foi aí que nasceu o atelier, e pouco a pouco fomos criando a nossa área tecnológica, exactamente para dar resposta aos desafios do ponto de vista criativo, e para não estarmos sempre a depender de terceiros, e de empresas de renting de audiovisual”, salientou.

O resultado desta estratégia foi que o atelier acabou “por criar um parque tecnológico”. A empresa é autónoma a nível de servidores, de projectores, e “isso também foi positivo do ponto de vista de alguns projectos” para clientes corporativos, marcas multinacionais e mesmo eventos totalmente culturais com museus e Câmaras Municipais, segundo o responsável. “Tudo isso permitiu‑nos, para cada projecto, ter o equipamento próprio e poder dar a melhor resposta a nível de evento. É uma autonomia muito importante que acreditamos que nos vai permitir continuar a crescer nesta área dos eventos”, referiu Nuno Maya.

O responsável deu ainda conta da experiência do atelier na área cultural, com “eventos em locais património da UNESCO, em grandes cidades, em Singapura, em Wellington, nos Estados Unidos, e todos esses projectos têm um fundo cultural”, referiu o director. “Mesmo os trabalhos que fazemos na área corporativa para grandes marcas, costumam escolher‑nos sempre para ter esse lado artístico em prol do evento que estão a fazer”, salientou.
 

Rose de Almeida