O Douro também é de terra batida

15-11-2017

A bracarense Portugal Green Walks leva os turistas em caminhadas que sabem a vinho do Porto e retratam a história das quintas produtoras.

Do miradouro de Casal de Loivos ao Pinhão são mais ou menos seis quilómetros, por caminhos de terra, entre as quintas de vinho do Porto que povoam a zona do Pinhão, no Douro. Paulo Lopes percorre o percurso com a certeza de quem já o fez inúmeras vezes. Não há rota da Portugal Green Walks que o fundador e CEO não tenha percorrido pessoalmente, para perceber quais os melhores percursos e como poderão ser integrados no negócio que quer por os turistas a percorrer o norte do País.

No Douro, o negócio vai de vento em popa, apenas limitado pela dificuldade em encontrar alojamento na região património da humanidade, que está cada vez mais cara e exclusiva. Mas isso não desmotiva Paulo Lopes, que só no Caminho de Santiago, uma das especialidades da empresa, contou já este ano com 800 pessoas, quase todos estrangeiros.

Vinhas abaixo, a primeira quinta que aparece aos caminhantes é a do Jalloto, produtora de vinhos, azeite e mel que vai conquistando quem passa com um miradouro de vistas desafogadas sobre o vale do Douro, com o Pinhão ao fundo. E começa logo ali a prova de vinhos, que atrai tantos turistas à região. Um pouco mais abaixo, a quinta da Roêda tem uma janela privilegiada para a paisagem, com uma pequena mesa em que se pode sentar por quem lá passa. Sem se esquecer, claro, de provar o Croft que por lá se mostra, num salão que é também usado para eventos.

A caminhada de Paulo Lopes, que faz parte do pacote que vende para turistas na região, termina na Quinta do Bomfim, da Symington, à hora de almoço, com um piquenique, sob os olhares invejosos das dezenas de estrangeiros que lá estão com copos de vinho na mão. Já de volta ao Pinhão, é hora de regressar, mas não sem antes passar num dos parceiros privilegiados da empresa de Braga. A Portugal Green Walks trabalha frequentemente com a Quinta do Seixo, do universo Sandeman, onde é possível fazer um piquenique nas vinhas, num socalco que é uma verdadeira varanda para o Douro.

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GPS para caminhantes

Muitas das rotas são feitas independentemente pelos turistas, a quem é disponibilizado um GPS que não precisa de Internet e um “roadbook”que ajuda a encontrar o caminho certo e a visitar tudo o que vale a pena. Os percursos, que chegam a durar uma semana, podem ser personalizados, segundo os gostos de quem faz a caminhada. Com mais ou menos quilómetros por dia, o objectivo é dar a conhecer as paisagens do Douro aos turistas que vêm de todo o lado. Pelo meio ficam em hotéis da zona ou em alojamentos rurais e vão conhecendo o que de melhor existe na região. A Portugal Green Walks trata de toda a logística para que as pessoas estejam onde têm que estar na hora certa. Paulo Lopes explicou que os melhores meses para a empresa são Maio e Setembro, quando há temperaturas amenas, que permitem caminhadas sem grandes problemas.

Entre os principais interessados neste produto estão os alemães, belgas e turistas de países nórdicos, mas Paulo Lopes já recebeu gente de todo o mundo. Portugueses e espanhóis é que nem por isso. A Portugal Green Walks já está também a fazer incentivos, de um, dois e três dias, por exemplo, e recebe grupos de empresas para acções de team building ou bonding.

Paulo Lopes acha que ainda há muito a fazer em Portugal para estimular este segmento das caminhadas e das bicicletas, em que a empresa também está a actuar. Muitas vezes as regiões estão demasiado inexploradas e não há infra-estruturas de apoio para as empresas e para os turistas. O fundador da Portugal Green Walks quer agora apostar na zona do Douro Internacional e em Montesinho.

O sócio da empresa bracarense começou a delinear este projecto em 2009, depois de abandonar um cargo no departamento de informática da Sonae. A empresa começou por apostar em grupos para fazer o Caminho de Santiago, mas acabou por perceber que não era a melhor hipótese e lançou-se num produto mais personalizado, em que hoje se destaca. Paulo Lopes explica que com o crescimento da Portugal Green Walks o maior desafio é manter este nível de atendimento individualizado. No entanto, a flexibilidade irá manter-se como imagem de marca da organização, garantiu o empresário.