Portugal a caminho da consolidação nos eventos em 2018
30-01-2018
2017 foi um ano “excelente” e em 2018 o crescimento está “assegurado”, apesar de algumas incógnitas. Os Convention Bureaux portugueses acreditam, tendo em conta a evolução deste ano que agora termina, que o sector da Meetings Industry (MI) ainda irá crescer mais nos próximos meses. Em resposta a perguntas enviadas pela Event Point, os responsáveis pelas estruturas de turismo de quatro regiões portuguesas fizeram um balanço de 2017 e olharam para o que será 2018.
A capital está em alta e este sector prova disso. Paula Oliveira, directora executiva do Turismo de Lisboa prevê que 2017 feche com “excelentes resultados, pela qualidade e número de eventos realizados para ambos os segmentos: Corporate e Associativo”. Até Agosto deste ano, a região registou um “forte crescimento” nos mercados dos EUA, Brasil e Reino Unido, com o MI a representar cerca de 12% do número de hóspedes de hotelaria no que diz respeito aos participantes em congressos e reuniões, adiantou a mesma responsável. Lisboa deverá ter recebido cerca de 7,6 milhões de turistas neste ano que agora termina.
Mais a sul, o Turismo do Algarve acredita que “o balanço será certamente bastante positivo”. Alexandra Ramos, gestora sénior de MI das estruturas de turismo para a região realçou que “o Algarve aumentou a visibilidade” neste segmento. Os hotéis e centros de congressos cresceram em “número de eventos e, de uma forma global, toda a região ganhou com a evolução do segmento. Também é relevante salientar o aumento de DMC e empresas de Animação Turística vocacionadas para este sector” no Algarve, referiu a responsável.
No Porto a situação é semelhante. Sandra Lorenz, Directora Interina da Promoção Externa do Porto Convention & Visitors Bureau salientou “a subida de 11 posições do Porto no ranking da ICCA, assim como a atribuição, pela terceira vez, da distinção "European Best Destination” à cidade. A mesma responsável recordou ainda que a região conta com “cada vez mais venues e espaços de restauração de grande envergadura que permitem responder à procura, como a Exponor, o Europarque ou o Parque de Exposições de Braga e o futuro Pavilhão Rosa Mota, que estará pronto em 2019”. Além disso, Sandra Lorenz realçou “um claro crescimento na área de empresas ligadas às actividades turísticas, transportes e serviços de suporte a eventos”. Paralelamente, novas rotas aéreas, para a China e EUA irão ajudar a aumentar a notoriedade da região, assim como a criação de “sinergias e projectos entre o Porto Convention & Visitors Bureau e as comunidades científicas e associativas locais, no que respeita à captação de grandes congressos internacionais em várias áreas”, adiantou Sandra Lorenz.
A região do Alentejo tem trabalhado para aumentar a sua notoriedade no sector de MI. “O ano de 2017 foi particularmente positivo para o sector no Alentejo, sendo de destacar sobretudo os incentivos, eventos corporativos e eventos de outro tipo”, referiu Vítor Fernandez da Silva, presidente da direcção da Agência de Promoção Turística do Alentejo. Na área dos congressos, o Alentejo “acolheu dezenas de reuniões de média dimensão, sobretudo concentrados na região de Évora e Tróia, com forte incidência na ocupação hoteleira”, referiu. Nesta última localização foram realizados cerca de dez congressos com mais de mil participantes, explicou o mesmo responsável. O Alentejo recorreu ao fundo de captação de congressos e outros eventos corporativos “de efeito muito positivo para o destino” salientou Vítor Fernandez da Silva. A região admite, no entanto, algumas dificuldades “no acolhimento de grandes eventos, sobretudo se tiverem mais de mil participantes”.
2018: desafios e consolidação
O ano que se avizinha é encarado com bons olhos pelas regiões, ainda que com alguns avisos. Lisboa acredita que irá continuar a sua consolidação “como um dos [destinos] mais apelativos para eventos internacionais, com boa relação qualidade/preço, ao nível dos serviços e equipamentos incluindo hotelaria, acessibilidades, diversidade nas experiências, inigualável saber receber e excelência na organização” referiu Paula Oliveira.
No Algarve, e tendo em conta os pedidos que a região já contabiliza, “tudo indica que a tendência de crescimento se manterá. A região contará com a oferta de alguns novos espaços, como o Algarve Congress Centre, o que não só aumentará a capacidade instalada para acolher eventos maiores, como potenciará a atractividade do destino”, referiu Alexandra Ramos. Apesar disso, a responsável de MI do Algarve acredita que é preciso estar “alerta e preparado para a recuperação da Grécia, Turquia e Tunísia”. A região do Algarve, acrescentou, poderia “melhorar a significativamente a atractividade do destino, apenas necessitávamos de mais voos directos de companhias de bandeira”.
A questão das acessibilidades aéreas também preocupa o Porto e Norte. Sandra Lorenz apontou o cancelamento e reduções de rotas aéreas como uma preocupação diária e adiantou que 2018 “será, sem dúvida, um ano de desafios. Desafio em crescer de forma sustentada, em acompanhar a procura e desenvolver o sector, acompanhar tendências, criando mais unidades hoteleiras – sabemos que existirão pelo menos mais 19 nos próximos anos –, e mais empresas que possam responder às exigências actuais”. O Porto e Norte também pretende marcar uma posição neste sector, “participando em mais feiras internacionais” assim como através do aumento do “número de famtrips nos mercados emergentes e apostando no crescimento substancial na área dos incentivos, por consequência do aumento do mercado americano, brasileiro e chinês no destino, do programa stopover, e do aumento de número de noites no destino devido à diversificação de rotas e respectiva oferta turística no destino”, concluiu a responsável.
© Patrick Nouhailler
No Alentejo, o ano que se aproxima, com os congressos e eventos já em agenda, será um “ano de crescimento assegurado” no qual a região irá contar novamente com o contributo do fundo de captação, assegurou Vítor Fernandez da Silva. A região deu ainda conta da realização de “eventos de outras tipologias, especialmente a apresentação de novos modelos de automóveis de marcas muito qualificadas, pela sua duração e impacto positivo na hotelaria”, acrescentou o presidente da direcção da Agência de Promoção Turística do Alentejo.