< Previous40 EVENT POINT | GRANDE ENTREVISTA pessoas, e, portanto, permite criar ali uma ligação que é muito difícil quando se comuni- ca massivamente, porque não sabemos a quem estamos a chegar. Nos eventos sabemos exatamente a quem estamos a chegar. Aliado a isso, acho que o turismo em Portugal, nos últimos anos, tem sido um verdadeiro motor económico e também tem ajudado muito a indústria dos eventos. Tem trazido muitos grupos que vêm de países que estão habituados a pagar mais por serviços se- melhantes e isso tem trazido alguma vantagem competitiva, que agora começa a esbater-se mais um pouco.41 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 Se estivesse perante alguém que está a pensar começar a trabalhar em eventos, qual é que seria o grande conselho que deixaria? Acho que o grande conselho é que a pessoa tem que perceber que, a partir do momento em que começa a trabalhar na área de eventos, casou-se com uma área. Isto porquê? Porque quem vem para os eventos tem que ter a mentalidade de que aca- bou a ideia de ter horas para isto e para aquilo, eventos é uma coisa em que nós andamos ao ritmo das empresas, do que é preciso fazer, das horas dos eventos, das datas, portanto, deixamos, de certa maneira, muitas vezes de ter vida pró- pria. É um trabalho que implica muita dedicação, muito esforço, muito profissionalismo e, hoje em dia, implica ter uma enorme capacidade de conhecimento em diferentes áreas. Honesta- mente, acho que atualmente é difícil encontrar bons profissio- nais na área dos eventos. Por- que é uma área que cada vez está a tornar-se mais complexa na forma de trabalhar. Acho que, apesar de haver bons exemplos, há uma distância ainda muito grande entre a formação académica e o que é a realidade das empresas e a dinâmica do mercado dos even- tos, e faz com que seja desa- fiante encontrar bons profissio- nais para a área dos eventos. Ao mesmo tempo, esses profis- sionais que entram para a área de eventos, também é desafiante para eles continuarem a traba- lhar em eventos por muito tempo, porque a maioria das pessoas, por vezes, acaba por mudar de área, ou por mudar de função, porque, de facto, hoje em dia, é uma área muito dinâmica, muito complexa.42 EVENT POINT | GRANDE ENTREVISTA 10 perguntas a Rui Batista 1. Um evento inesquecível que organizou? Um evento de que gostei imenso foi quando organizamos uma convenção e estabelecemos o recorde do Guiness de servir 21 mil cafés numa hora. Esse evento ficou na memória pela logística que envolveu e pelo gozo das pessoas que estavam no evento. 2. Música que não pode faltar numa festa? Dire Straits. 3. Presencial, híbrido ou virtual? Presencial, definitivamente. 4. Peça essencial no seu kit de organizador de eventos? O cronograma operacional. 5. Tendência no setor que o entu- siasme? Inteligência Artificial, definitiva- mente. 6. Convidado ideal para um painel de conferência? Thierry Reboul criador dos Jogos Olímpicos de Paris de 24. Privei um pouco com ele e achei fasci- nante a abordagem e a coragem que teve na organização dos Jogos, que são um game changer em eventos desportivos. 7. Espaço para eventos que mais o impressionou? Um cruzeiro da MSC onde, há uns anos, tivemos para fazer um evento. O que dizer de um espa- ço com salas de cinema, teatro, auditórios, casinos para 3.000 pessoas? Enfim, todo o mundo dos eventos concentrado numa cidade flutuante. 8. Se não fosse organizador de eventos, seria? Estaria numa coisa completa- mente diferente, em contacto com a natureza, ligado ao campo ou ao mar. Era pescador ou agri- cultor (risos). 9. Palavra que melhor define um bom evento? “Estou sem palavras”. 10. Segredo para manter a calma nos imprevistos? Ser calmo é uma das característi- cas mais importantes para quem trabalha na área dos eventos. Se a pessoa não souber lidar com o stress, não tiver calma por natu- reza, acho que não vale a pena vir trabalhar para a área de eventos, porque arranja um problema de saúde. A calma faz parte do kit das ferramentas do gestor de eventos.44 EVENT POINT | PERSPETIVAS Filipa Ferreira da Silva PERSPETIVAS Head of Team & International na iMotion45 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 BEIC Club em Praga: Quando o mundo dos eventos se reúne para pensar o futuro O encontro aconteceu em Praga, uma cidade que combina história e uma energia criativa contagiante, o cenário perfeito para dois dias intensos de parti- lha e reflexão. Quinze agências estavam reunidas, representando diferentes geografias, culturas e realidades. Mas rapidamente ficou claro que os desafios que enfrenta- mos são surpreendentemente semelhan- tes. A começar pela atual conjuntura política mundial, que está a impactar o setor de forma direta e, por vezes, im- previsível. O aumento da instabilidade geopolítica, as tensões comerciais e as eleições em diversos países estão a provocar retração nos investimentos e hesitação nas decisões. As marcas estão mais cautelosas, a planear menos a longo prazo e a exigir maior flexibilida- de contratual. O resultado? Um primeiro trimestre de 2025 anormalmente calmo para todas as agências representadas e uma sensação de que estamos a operar num terreno particularmente volátil. Outro tema que dominou a discussão foi a falta de transparência em alguns pro- cessos de pitch. É comum vermos con- cursos com demasiadas agências envol- vidas, muitas vezes sem um briefing claro ou sequer garantias de que o pro- jeto avançará. Esta realidade leva-nos a uma reflexão profunda sobre o valor do nosso tempo, da nossa criatividade e do papel que queremos ter neste ecossiste- ma. Ligado a isso, surgiu um tópico especial- mente sensível: a proteção da proprie- dade intelectual. Quem trabalha neste setor já passou, provavelmente mais do Em março passado, tive o privilégio de representar a iMotion, na primeira reunião anual do BEIC Club (Business Event Industry Club), um grupo restrito de agências de eventos de vários pontos do mundo, do qual a iMotion faz parte. 46 EVENT POINT | PERSPETIVAS que uma vez, pela experiência de ver uma ideia sua apresentada num pitch ser executada por outra agência, ou até diretamente pelo cliente, sem qualquer tipo de crédito ou compensação. Esta prática, infelizmente recorrente, levanta questões éticas urgentes e exige uma resposta coletiva e firme do setor. Os desafios internos que enfrentamos nas nossas próprias estruturas foi tam- bém um tópico que exigiu reflexão e partilha. Há uma clara necessidade de repensar modelos, equipas e as suas valências. Estamos a viver uma mudan- ça de paradigma, onde a flexibilidade, a multidisciplinaridade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional ga- nham novo peso. As agências estão a redesenhar-se, umas mais rápido, ou- tras com mais resistência, mas todas conscientes de que a mudança é inevitá- vel. No final, estes dois dias em Praga foram muito mais do que uma reunião interna- cional. Foram uma oportunidade rara de parar, observar e refletir sobre o cami- nho que estamos a seguir. Trouxe comi- go muitas ideias, algumas inquietações e uma certeza: os problemas do setor são, em grande parte, transversais, inde- pendentemente do país ou da dimensão das agências. E é nesta consciência comum que podemos encontrar força para evoluir. As sementes foram lança- das, veremos se a próxima reunião do BEIC, em Setembro, nos trará algumas respostas. Porque mais do que concorrentes, somos parte de uma comunidade criati- va que molda experiências, constrói ligações e dá vida às marcas. É na parti- lha, na escuta ativa e na colaboração que encontramos as respostas para os desafios que enfrentamos, e se o mundo muda, mudamos com ele! Juntos, temos o poder de transformar incerteza em oportunidade e continuar a criar eventos com propósito, impacto e emoção.ORGANIZE O SEU EVENTO CONNOSCO AUDITÓRIO | SALAS | PAVILHÕES EUROPARQUE.PTINFO@EUROPARQUE.PTSTA. MARIA DA FEIRA+351 256 370 20048 EVENT POINT | PANORAMA O papel da luz e do som na criação de uma experiência memorável PANORAMA49 ABRIL | MAIO | JUNHO 2025 A iluminação e o som desempenham um papel importante na criação da atmosfera de um evento, podendo influenciar e impactar a experiência do público. Só há vantagens numa boa utilização da luz e do som: a elaboração de um deter- minado ambiente, a valorização do espaço, a criação de emoções, a gestão das expectativas dos participantes, a marcação dos diferentes ritmos de um evento. “Na Multishow, acreditamos que a ilu- minação e o som são verdadeiros prota- gonistas na criação de experiências memoráveis. Estes elementos não fun- cionam apenas como complementos técnicos, mas como autênticos narrado- res que transformam um espaço comum numa experiência única”, começa por explicar Orlando Vedor, partner e pro- ject manager da Multishow, empresa de tecnologia para eventos. O responsável entende que “uma ilumi- nação bem concebida tem o poder de alterar completamente a perceção de um ambiente – pode tornar um espaço amplo mais acolhedor, um momento solene mais emotivo ou uma apresenta- ção corporativa mais dinâmica”. Já o som “envolve os participantes de forma TEXTO: Maria João Leite © MultishowNext >