Álvaro Covões: “Gosto de andar pelo meio do público”

03-07-2018

A poucos dias de arrancar a edição de 2018 do Nos Alive, estivemos à conversa com Álvaro Covões, director da Everything is New.

O festival que tem como assinatura “O Melhor Cartaz, Sempre” conseguiu este ano esgotar todos os dias do evento, e com uma antecedência assinalável. Com uma organização já bem oleada e com o reconhecimento nacional e internacional já adquirido, o cartaz é mesmo a primeira preocupação de Álvaro Covões e da equipa quando começam a organizar uma edição. “O cartaz é sempre o maior desafio de todos”, admite, e o objectivo passa por “continuar a esgotar todas as edições, embora saibamos que a concorrência é muita, e podemos não o conseguir sempre”.

São esperadas milhares de pessoas no Passeio Marítimo de Algés, de 12 a 14 de Julho, e este ano 16 mil compraram bilhetes no estrangeiro, revela o responsável, um número inferior a edições passadas, e isso “ explica-se também pelo facto de os portugueses terem comprado mais cedo” os bilhetes. Ainda assim, este evento tem um impacto substancial no turismo em Portugal. “Os estudos que temos dizem-nos que mais de 70% dos estrangeiros ficam cinco ou mais noites. Desde 2007 que vendemos Lisboa como um destino de praia (a única capital europeia com praia), algo que nunca se tinha feito antes. Temos por exemplo um bilhete que permite ir de barco, com as bicicletas, para a praia [zona da Caparica]. Conseguimos combinar, além da música, surf, património, gastronomia, coisa que os festivais do Norte da Europa não podem oferecer”, sublinha Álvaro Covões. Também as marcas presentes no evento estão “cada vez mais expostas aos turistas, e sensíveis a isso”, mas o público-alvo continua a ser o nacional.

Se tivesse de escolher uma novidade para a edição deste ano do Alive, Álvaro Covões destaca o facto de “termos sido convidados pelas Nações Unidas para integrarmos o projecto da Agenda 2030. É bom que tenham começado connosco, um festival português. Aliás, sabemos que depois desse anúncio houve outros festivais do mundo inteiro que contactaram as Nações Unidas para se juntarem também a este movimento”, refere. O responsável realça ainda a parceria com a Zero Desperdício, estabelecida em 2012, e que foi “uma acção pioneira no mundo contra o desperdício alimentar”. Há ainda uma surpresa na calha, que só vai ser revelada na semana do festival.

Em termos de beneficiações do recinto para comodidade dos participantes, o director da Everything is New revela que este ano o recinto terá um tapete verde a cobri-lo, sem clareiras. Também a saída do festival costuma ser um desafio grande. “Temos um acordo com a Carris, que ainda estamos a ultimar, com mais de 20 autocarros, para levar as pessoas directamente do festival para outros pontos, como o Cais do Sodré”.

Um evento grande como este significa que nos dias em que decorre as horas de trabalho são incontáveis. “Implica chegar 10h e sair às 5h ou às 6h, e há sempre coisas para fazer. Gosto de andar pelo meio do público, para sentir, para experimentar o mesmo que as outras pessoas, e até para perceber os pormenores em que podemos melhorar”, refere Álvaro Covões. Há pouco tempo para ver um concerto ou usufruir de alguma tempo livre, conta. “Tenho uma tradição, com o nosso financeiro, que é a de vermos juntos o último concerto, e de comer um hambúrguer. O pior é sempre estar nas desmontagens. Construímos uma cidade que dura 39 horas. Chegar ao fim é triste, um pouco como a nostalgia do fim das férias”.