Transformação digital: o turismo de negócios “já está transformado há muito tempo”

26-11-2018

No decorrer do Congresso da APAVT, em São Miguel, nos Açores, falou-se das oportunidades da tecnologia, da transformação digital de que é alvo o sector das viagens. Transformação que já chegou há muito ao segmento do turismo de negócios, como contou António Loureiro, director-geral da Travelport, e um dos oradores da sessão, à Event Point.

“O turismo de negócios, se calhar, é o que tem sofrido menos transformação porque já está transformado há algum tempo, porque a evolução das viagens, especialmente no mercado corporativo, de negócios, já há muito tempo que sofre a digitalização, a automatização de processos, a CRM [Customer Relationship Management] do cliente… É exactamente o canal que utiliza mais tecnologia disponível”, referiu António Loureiro, adiantando que o segmento está, à partida, “mais defendido” do que todos os outros, “porque as empresas vão continuar a precisar das agências de viagens para voar, para se hospedar, para fazer os seus eventos; é um mercado que está, à partida, não garantido, mas mais garantido do que o outro”.

Relativamente ao turismo de lazer, António Loureiro considera que, a nível global, tem sido feito um trabalho qualitativo. “É evidente que é preciso muito dinheiro para estas coisas – a Uber ainda não é rentável, a Amazon só foi rentável no ano passado… Portanto, isso são coisas que consomem milhares e milhares de euros”, lembrou, destacando uma ideia “muito importante” deixada no painel por Paulo Amaral, empresário, professor e moderador no encontro: “Se não temos cão, cacemos com gatos, porque já há gatos também a fazerem coisas digitais.”

António Loureiro falou ainda da figura do viajante corporativo, um viajante “que já tem muita da sua informação disponibilizada”. Para o director-geral da Travelport, “o que se está a transferir agora para esse passageiro corporativo é a experiência que ele tem, independentemente de estar a trabalhar ou não. Nós temos várias ferramentas a lançar nas agências de viagens exactamente para isso, para que ele continue a ser apoiado sob o ponto de vista de experiências”. E ganha cada vez mais força a ideia do ‘bleisure’ e de experiências, já que, afinal, “porque é que os viajantes corporativos hão de voltar para casa enfadados e sofrerem horrores dentro de um avião ao fim de estarem cansadíssimos depois de levarem com um par de reuniões? Também têm tempo e podem-se divertir”, concluiu.

No painel sublinhou-se também que, no final de contas, é tudo sobre as pessoas, que muitas escolhas são feitas a partir das redes sociais e que as agências de viagens são influenciadores de decisões. Além de António Loureiro e Paulo Amaral, participaram também no painel sobre as oportunidades da tecnologia Cláudio Santos (director-geral da Amadeus), Nuno Carvalho (CEO da Click and Play), Paulo Couto (digital signage manager da LGE), Pedro Seabra (administrador da Viatecla) e Vasco Pinheiro (CEO da Go4Travel).

 

Maria João Leite*

*Viajou aos Açores a convite da APAVT

 

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