Rosa Gonçalves Paula: “Na área dos eventos, temos de ser criativos”

Entrevista

15-01-2024

# tags: Eventos , Vida de Eventos , Eventos corporativos

Nos eventos, como cada cliente é diferente, é preciso ser criativo e procurar as melhores soluções para cada cenário. Esse desafio é também uma motivação para Rosa Gonçalves Paula.

A criadora da Events Plan It explica como chegou até aqui. A sua experiência na hotelaria começou no segmento dos cruzeiros, dando apoio aos clientes e grupos internacionais a bordo. “No fundo, o trabalho de receber os clientes e os grupos e de os acompanhar no seu dia-a-dia dentro do barco e fora deste, em passeios e outras atividades”, esclarece.

Quando mudou para o Algarve, há já alguns anos, organizava as festas dos seus filhos e outro tipo de eventos num grupo de hotéis e golfe dirigido pelo marido. “Percebi que não havia a quem nos dirigirmos para fazer um evento mais corporativo de A a Z. O foco das empresas de eventos eram casamentos e, falando com alguns DMC, percebi que, para este segmento, quase tudo vinha de Lisboa”, refere.

Ao dar-se conta desta necessidade, “e com o aumento do mercado de incentivos para o destino Algarve, decidi criar uma empresa com foco no mercado de eventos mais corporativos e institucionais, seja no apoio dos DMC, na organização de atividades complementares, jantares temáticos ou mesmo no lançamento de produtos”. Desta forma, nasceu a Events Plan It.

A Rosa Gonçalves Paula motiva-a “o desafio de criar um produto específico para um cliente em concreto”. Ou seja, continua, “as necessidades dos clientes são diferentes e os budgets também... Pelo que, na área dos eventos, temos de ser criativos e procurar as soluções que se adequem a cada caso, a cada cliente e a cada espaço”.

Do que mais gosta nesta atividade é da “parte criativa de encontrar os diversos componentes para o evento e depois, no dia, ver tudo ir acontecendo como previsto e ver a reação dos clientes ao que fizemos, seja do cliente que paga, seja daqueles que são os convidados deste (colaboradores duma empresa ou simplesmente amigos e família)”.

Já do que menos gosta é, quando, “depois de termos estado a trabalhar todos numa proposta, a criar conceitos e, com o DMC, a vender o destino, perdermos o grupo para um destino concorrente”. Rosa Gonçalves Paula descreve que “fica aquele sabor amargo de já estar a visualizar como é que iria ser e iria acontecer...”

Momentos mágicos e únicos

Cada evento tem, à sua maneira, as suas particularidades, defende a criadora da Events Plan It; por isso, a escolha do evento mais marcante do seu percurso torna-se difícil. Ainda assim, destaca dois eventos que a marcaram. “Do ponto de vista emocional, foi o que fiz para uma instituição de solidariedade social de órfãos, em que tivemos de procurar os apoios para conseguir angariar dinheiro para uma carrinha nova para a instituição”, detalha.

“Chegar ao fim da noite e, com o apoio que tivemos da marca, conseguir entregar a chave da carrinha foi mágico. Dar algo a quem faz tanto por tantos e, às vezes, com tão pouco... Ver a cara dos responsáveis da instituição a olhar para a carrinha e perceberem que era deles foi único!”, sublinha.

Rosa Gonçalves Paula realça ainda um evento mais institucional, em que teve de conseguir “arranjar forma de ter uma artista a atuar num pinheiro manso imenso, sobre a tenda transparente onde decorria o jantar”. Adianta que “todo o trabalho que tivemos de fazer para conseguir incluir aquele pinheiro, que tinha sido plantado aquando da construção do hotel e que queríamos que fizesse parte da festa, e o garantir as condições de segurança para a artista foram um desafio imenso”. Mas depois, ressalva, ver tudo a “acontecer como planeado e a reação das pessoas foi espetacular”.

Os desafios da profissão motivam-na a encontrar soluções para as diferentes situações. Rosa Gonçalves Paula partilha uma história que demonstra o empenho que coloca em cada evento e como é importante uma boa parceria. O desafio: uma festa de fim de ano com o tema ‘Full Moon’ que acontecia em noite de…lua nova. “Pensar como recriar a lua no espaço de cocktail e ser visto da sala de jantar, fez-me perder algumas noites e alguns testes de luz”, conta. “Com a ajuda da Eurologistix, com quem tenho vindo a trabalhar no Algarve, criámos um balão por trás de uma árvore no jardim do cocktail, com direito a céu estrelado e tudo, e um outro balão gigante que se via da sala de banquetes...” Solução encontrada!

Mas nem sempre as coisas podem correr como esperado. Rosa Gonçalves Paula recorda um “momento difícil”, em que sentiu que podia correr mal. Há uns anos, próximo da passagem de ano, “a artista principal que tinha contratado foi hospitalizada na altura de Natal e ficou incontactável. Ela era a pessoa de contacto de um grupo de artistas que viriam com ela. Foi preciso conseguir substituí-la e conseguir chegar ao contacto com cada um dos outros, para garantir que tínhamos como fazer as diferentes performances. Isto para o Algarve e passagem de ano!”. Reconhece que a situação “serviu de lição” e que, agora, “em situações de grupo de artistas, fico sempre com o contacto de cada um”.

Mas se os eventos podem dar algum stress, podem também, por outro lado, arrancar alguns sorrisos e gargalhadas. No capítulo dos momentos hilariantes, a profissional lembra um evento com Gonçalo da Câmara Pereira, em que o fadista “conseguiu colocar os estrangeiros todos na sala a cantarem o fado ao lerem a ementa do jantar”. Rosa Gonçalves Paula afirma ter sido “o máximo para os estrangeiros que estavam a participar. Sentiram que conseguiam entrar no espírito do fado”. Um momento divertido, mesmo para os portugueses, que, por vezes, têm “o espírito demasiado formal e solene do fado…”.

© Maria João Leite Redação